“O lado esquecido de Poções - BA”
o descarte de lixo a céu aberto ainda é um problema recorrente em grande parte das cidades brasileiras.
por: Daniela Palmeira e Nataly Leoni
Segundo a Associação Brasileira de Tratamento de Resíduos e Efluentes (Abetre), 2,7 mil cidades ainda descartam os resíduos incorretamente em locais como lixões, e esta é também a realidade de Poções-Ba.
O lixão causa diversos impactos ambientais e sociais; como a contaminação do solo pelo chorume, a incidência de gases poluentes na atmosfera, que contribuem para o efeito estufa e aquecimento global, e o aumento de doenças provenientes de animais que vivem em contato com o lixo. A questão da exposição do lixo representa perigo também para pessoas que, por falta de outras alternativas, recorrem ao trabalho de catador que muitas vezes é feito sem equipamentos de proteção adequados.
Em Poções não existe outra forma de descarte dos resíduos da população a não ser o lixão, que está localizado nas proximidades da cidade. Além disso, famílias carentes, por falta de condições, constroem suas casas no mesmo terreno destinado ao descarte do lixo, um risco frente aos problemas causados pelo lixão.
Também, por ser um terreno muito grande, o lixo é descartado em diversos pontos, onde pequenas montanhas vão sendo formadas ao longo de toda a extensão do local, se incorporando a vegetação, que disputa o mesmo espaço com esses resíduos. Outro problema, decorrente do lixão, são as queimadas de lixo que constantemente acontecem no mesmo espaço no qual é descartado.
A fim de diminuir tais impactos, o Marco Legal do Saneamento, sancionado em junho de 2020, prevê um prazo de fim dos lixões. No caso de cidades como Poções, que possui menos de 50 mil habitantes, o período estabelecido pela lei é até agosto de 2024 para que medidas sejam tomadas, com o objetivo de acabar com o lixão e construir um aterro sanitário na cidade.
No entanto, na cidade não há projetos concretos que ambicionam cumprir essa lei. A prefeitura segue fazendo o descarte incorreto dos resíduos sem se preocupar com os impactos que eles podem causar à população. Esse é um lugar não visibilizado pelo poder público e, enquanto não afetar drasticamente a cidade e gerar o descontentamento por parte dos moradores, pode continuar na mesma situação durante muitos anos.