top of page
sem título-0081.jpg

“Trabalho infantil a preço de banana”

em meio ao intenso vai e vem de pessoas e mercadorias da feira livre de Poções - Bahia, pequenos rostos, com seus carrinhos de mão, marcam presença na paisagem.

por: Daniela Palmeira, Leonel Brito e Nataly Leoni

São crianças que, por diversos motivos, necessitam dividir a infância com preocupações que deveriam pertencer somente aos adultos, no entanto a realidade é muito mais complexa que o ideal. É preciso, mesmo tão jovem, ajudar em casa; colocar comida na mesa; ajudar a manter o lar; dentre várias outras responsabilidades, em busca não só do seu bem estar, mas de toda sua família.

Segundo dados da PnadC (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua), cerca de 1,7 milhão de crianças e adolescentes de 5 a 17 anos estavam em situação de trabalho infantil no Brasil até 2019. Desses, 706 mil vivenciavam as piores formas de trabalho infantil. Na Bahia, nesse mesmo ano, havia 181.297 crianças e adolescentes de 5 a 17 anos de idade em situação de trabalho infantil, um total que equivale a 6,2% de crianças e adolescentes do estado, acima da média nacional que era de 4,8%. A pandemia também foi um agravante desta realidade, em vista da piora da situação econômica do país.

Em Poções a feira é o centro do comércio local, nesse sentido, todos os sábados, atrai pessoas de diferentes lugares do município. É desse modo que a história do trabalho infantil se repete na cidade, com a crescente inserção de crianças e adolescentes, com mão de obra voltada principalmente para a feira. Inseridas nesse cenário, sua presença já foi normalizada, invisibilizando assim, esta dura realidade. 

Carregar carrinhos, vender mercadorias, cuidar sozinho de uma barraca, além de ter que lidar com vendas à pessoas desconhecidas, são atividades que em Poções, parecem ter deixado de ser vistas como trabalho infantil. As crianças e adolescentes convivem normalmente entre os adultos, algo que exige delas um amadurecimento precoce para enfrentar as dificuldades desse dia a dia. Normalizar essa situação, ao invés da busca de mecanismos para combatê-la - tanto a nível social, quanto governamental - acaba, apenas, por perpetuá-la.

bottom of page